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sexta-feira, 4 de julho de 2014

A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NO CANDOMBLÉ



A importância da água no Candomblé

Sua utilidade é variada. Serve para os banhos de amacis, para cozinhar, para lavar as contas, para descarregar os maus fluídos, para o batismo. Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente nas obrigações.

A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego.

A água tem o poder de absorver, acumular ou descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica. Nunca se deve encher de água, o copo até a boca, porque ela crepitará. Ao rezar-se uma pessoa com um copo de água, todo o malefício, toda a vibração negativa dela passará para a água do copo, tornando-a embaciada; caso não haja mal algum, a água ficará fluidificada. Nunca se deve acender vela para o Anjo da Guarda, para cruzar o terreiro, para jogar búzios, enfim, sem ter um copo de água do lado. A água que se apanha na cachoeira, é água batida nas pedras, nas quais vibra, crepita e livra-se de todas as impurezas, assim como a água do mar, batida contra as rochas e as areias da praia, também acontece o mesmo, por isso nunca se apanha água do mar quando o mesmo está sem ondas.

A água da chuva, quando cai é benéfica, pura, porém, depois de cair no chão, torna-se pesada, pois atrai à si as vibrações negativas do local.

Por esse motivo nunca se deve pisar em bueiros das ruas, porque as águas da chuva, passando pelos trabalhos nas encruzilhadas, carregam para os bueiros toda a carga e a vibração dos trabalhos; convém notar que os bueiros mais próximos da encruzilhada são os mais pesados, porém não isenta de carga, embora menos intensa, os demais bueiros da rua.

A importância da água pode ser traduzida numa única palavra: ”VIDA!”

Sem água a vida é impossível.

A Água está presente em praticamente todos os trabalhos do Candomblé, e sua função é importantíssima.

Por seu poder de propiciar vida ela atrai a vida à sua volta, seja material ou espiritual.

As águas utilizadas para descarrego, têm funcionamento parecido com a fumaça, sendo que a fumaça carrega as energias consigo similar ao vento, e a água absorve estas energias.

As águas em quartinhas nas obrigações significam energia vital, e nas quartinhas junto às velas do Eledá, têm a finalidade de atrair para si as energias que por ali passam, atraídas pela Luz.

Conhecemos e fazemos uso em rituais de água de procedência de campos sagrados, tais como:

Rocha
Água detida em saliências nas rochas. Ligada a Sangò – entre suas funções, traz força física, disposição,boa-vontade, sabedoria.

Mar
Ligada a Yemojá – imã de energias negativas, anti-séptico e cicatrizante, fertilidade, calma.

Mina
Ligada a Òsún e Nanan – força, vitalidade – é a mais indicada para se utilizar nas quartinhas e em assentamentos.

Mar Doce
Encontro de rio e mar. Ligada a Yewá – trato do corpo sentimental, humor, bom senso e independência.

Chuva
Ligada a Nanan e Òsún – excelente função de limpeza e descarrego.

Cachoeira
Ligada a Òsún e Sangò – sentimentos, afeto, força de pensamento, alegria, jovialidade.

Rio
Ligada a Òsún (na correnteza) e a Oba (nas margens) – determinação, bons pensamentos.

Poço
Ligada a Nanan – resistência, sabedoria.

Lagos e Lagoas
Ligada a Osùmárè – inventividade, imaginação.

Orvalho
Recolhido das folhas, ao alvorecer do dia. – Ligado a Osáàlá – calma, paciência, fecundidade.

Todas podem ser utilizadas em banhos, assim além de portadoras de seus próprios axés, serve de veículo para o axé dos demais componentes do banho.

Em especial, o omierò ou agbò é feito usando-se destas águas, dependendo do Òrìsá da ìyáwò, e no assentamento dos Òrìsás da casa, enche-se o pote (quartilhão, porrão…) com todas as águas citadas.

Estas águas devem preferencialmente ser recolhidas e armazenadas, utilizando-se recepientes adequados, outras águas não podem e não devem ser armazenadas por muito tempo, pois “água parada apodrece”.
~Tata mùtita~


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